Voyage à Paris 2011

la lumière de l'automne à Paris


ma première vue de la matinée


Rue Daguerre

a rua da cineasta Agnès Varda


boulevard du Montparnasse


Le Parisien


La Cinémathèque Française


Caro Diário

A minha fotografia para a exposição "Histórias do Cinema 3"
a partir do filme "Caro Diario" (1993) de Nanni Moretti.

Sobre esta fotografia escreveu João Gomes Martins:
"é como que um convite para nos sentarmos à volta de uma mesa e pormos as nossas cabeças a trabalhar. Um signo material cuja força desbloqueia a nossa fatal inércia cerebral. São signos como este que imediatamente rompem o nosso equilíbrio, provocam-nos, forçam-nos, como Deleuze pensava quando afirmava que o pensamento só se põe em movimento a partir de forças exteriores. A tendência natural é para a hibernação."

à sombra do mar (1999) photographias de Daniel Curval

Este portfolio é uma selecção de photographias analógicas produzidas no ano da graça de 1999 que deu origem a uma plaquete de 9 postais intitulada "à sombra do mar" com poemas da escritora Luísa Dacosta. Uma exposição e em 2001, o livro "Homem nu persignando-se em azul" com o poeta Jesus Losada (Zamora, Espanha). Agora que o tempo fez o que tinha de fazer sobre estas imagens, estava na altura de as divulgar neste espaço.

seguir o link para visualizar o slideshow: http://www.danielcurval.net/agrave-sombra-do-mar.html

A enxerga por Catarina Costa

Catarina Costa autora do livro "Marcas de Urze" (2008 - 1º Prémio de Poesia Guilherme de Faria ) editado pelas Cosmorama Edições, acedeu gentilmente ao meu convite e escreveu este belo texto a partir de uma fotografia
de minha autoria.


Ela acreditou que ainda iria a tempo de resgatar algum resquício dele deixado nas coisas depois de tanto tempo em que nelas depositara o corpo, ainda iria a tempo de salvar alguma forma orgânica que desprendesse um rastilho seu. Haveria de exumá-lo ali mesmo, nessa tarde, a partir de um sedimento que tivesse remanescido ao largo do lugar onde ambos se costumavam deitar e onde ela ainda se deita, a cama de ferro coberta por mantas desbotadas. Mantas e mortalhas que arrancou nessa tarde para poder inspeccionar à luz do sol e não do candeeiro o lugar do sono e deslindar possíveis réstias de um outro corpo até então desapercebidas. Mas teria sido preciso ser um cão e não apenas a sua sombra para farejar o resíduo certo, um cão de focinho bem enterrado nos lençóis. Ela nada cheirou. Nenhum odor característico, nenhum fio de cabelo sobrevivera às lavagens impostas pelo passar dos dias. Arrancou então os lençóis – talvez no próprio colchão, que não fora lavado, se pudesse ainda libertar alguma emanação alheia. Mas uma vez mais teria sido preciso ser um cão para a identificar. Ela não tem faculdades para reconhecer auras a partir de detritos. Ou de agarrar determinado grão microscópico. As mãos deixou-as, por alguns instantes, ondear pela planura esponjosa e pelas covas do colchão. Agora só faltava cravar as unhas, esventrar a enxerga até ir ao fundo de onde haviam dormido, afundar-se na espuma. Mas bastou um rasgo na horizontal para que visse a inutilidade desta tentativa de submersão. Percebendo de repente que devia era ver-se livre daquele colchão enorme já perfurado. Quando o carregou às costas no caminho para a sucata, sentiu bem a sua desmesura, a desproporcionalidade em relação ao uso dividido que lhe dava. Ao atirá-lo, com todo o seu peso, para o meio do lixo, atirou também, ao de leve, a almofada. Para que fizessem parelha. Agora dorme em cima das tábuas.